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E de longe já se ouve o som daquela velha carroça.

Mas não são relinchadas, nem galopadas.

É que essa Carroça: mambembe, viajada, brincada, vem disfarçada.

De um singelo ônibus, com uma aguda buzina, que anuncia a alegria.

Como Circo que chega. Como Folia que pousa.

Burrinhas. Bodes. Bonecos. Músicos. Palhaços. Brincantes!



E a encantaria logo se instala.

A Carroça de Mamulengos faz da brincadeira sua moradia.

Onde se pode brincar, se pode morar.

E assim tem sido: Cidades. Praças. Vilas. Feiras.



E quem puxa a Carroça e o cortejo é uma Família.

Brincantes. Natos. Literalmente. Na formação e energia.

Pais. Mães. Filhos. Netos. Noras. Genros.

E a rotina familiar se mistura com a de casa.

Armar o palco é arrumar a casa.

Arrumar a bagagem é desarmar a cena.

E assim o dia-a-dia se faz, com trabalho e festa.

Tudo vai e tudo vem, de geração em geração.

Com a sabedoria dos mais velhos.

Com o cuidado com os mais novos.



Mas a família é maior. Bem maior.

Quando o Carroça vem a Brasília, vem para encontrar e ser encontrado.

Mamulengos. Palhaços. Brincantes.

Gente que se inspira no andar da Carroça.

Carroça que é semente e nascente.

Assim como na família, aqui plantou arte. Plantou vida.

Grupos filhos, netos, e mais um montão de artistas afilhados.

Camarim cheio. Longas conversas. Abraços apertados. Teatro lotado.

Todos vem para saber como a família está.

E assistir a brincadeira, talvez seja a melhor maneira.



Bonecos. Músicos. Palhaços. Brincantes!

Histórias reais, que vem do imaginário.

Histórias imaginadas, que vem da realidade.

Burrinhas. Bodes. Bois. Pássaros. Tamanduás. Dragões.

Poesia. Riso. Choro. Emoção. Encanto.

Brincadeira!

Coração bate lá no alto, que nem perna de pau.



E com a benção dos Reis e do Divino.

O espetáculo se converte em procissão.

Família. Amigos. Burrinhas. Bodes. Músicos. Palhaços. Brincantes!

Folia que chega pela luz que norteia.

Chega para presentear e ser presenteada.

Bandeira que entra, esperança que fica.

Bandeira que sai, missão que se cumpre.

Saudade que se mata. Energia que se renova.



E depois de muitos pousos e aplausos.

A Carroça se despede de Brasília.

Carroça errante, mas com destino certo.

Que independente da direção.

Chega nas almas, auras e corações.

Trazendo alegria e inspiração.



Seja noite ou seja dia, viva a estrela que os guia!








Encontação contada e vivida pelo Pareia Davi Mello, durante a passagem do Carroça de Mamulengos por Brasília, celebrando seus 40 anos em casa, em Janeiro de 2017.