Encantado com o brilho cênico das tradições orais brincantes, “Estrela da tarde” mergulha numa autobiografia emergente das periferias do DF e suas travessias

Francisco Rio na figura Comandante – Foto: Tatiana Reis


Entre os dias 05 e 28 de agosto, a região administrativa do Gama recebe a estreia da série documental “Estrela da Tarde”. O documentário, dividido em três capítulos, é uma criação artística inédita, produzida pelo cineasta, brincante e dançarino Francisco Rio, artista transgênere criado na região. Durante três fins de semana do mês, o primeiro capítulo do filme será exibido em diferentes espaços culturais da cidade, em oito exibições com entrada franca. As sessões de estreia acontecem nos próximos dias 05 e 06, na Cia Lábios da Lua, com participação especial do cantor de Kirá, no dia 06.

“Estrela da tarde” é um documentário composto por três capítulos de 20 minutos. Foi originalmente criado para ser um espetáculo teatral, iniciado em 2020 com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Em dois anos e meio de um processo criativo revirado pela pandemia do Covid-19, tanto a obra quanto seu realizador se reinventaram, transicionando a narrativa para o formato audiovisual. O filme apresenta-se na linguagem documental/ficção autobiográfica, permeada de poesia e de encantamentos inspirados nos universos das brincadeiras e tradições orais dos brasis, principais espaços de formação do artista.

A cidade do Gama toma à frente da história como berço de Francisco Rio. Nesse território histórico, onde habita sua extensa família e onde seus avós candangos se abrigaram, “Estrela da tarde” vai alinhavando três fios: a ancestralidade do brincante, a história descentralizada da construção da capital Brasília e a criação de sua brincadeira cênica. No cerne da narrativa, Francisco desalinha memórias e protagoniza a cena com figuras teatrais brincantes materializadas para homenagear Estelita Mangueira de Souza e Ivete Mangueira de Souza, avó e mãe falecidas durante a pandemia.

O documentário aborda temas como infância, gênero, branquitude, território, espaço público, violência doméstica e sexual, poesia, processo criativo, morte, necropolítica, encantamento e resistência dos saberes e práticas das oralidades, memória e memória candanga. Um filme contador de história! Uma obra audiovisual produzida por um cineasta brincante que, há mais de 15 anos, segue farejando a sua própria transcestralidade através dos universos de algumas brincadeiras e povos tradicionais do Brasil.


Ações educativas
Dentro do processo criativo dessa brincadeira cênica que virou filme, foi realizada a oficina ‘Para Abraçar o Tempo’, junto às professoras do Centro de Ensino Infantil 01 do Gama. A oficina aconteceu durante o Novembro Negro de 2021, no momento de reabertura em meio à pandemia, com mediação das artes-educadoras sociais Bia Sabiá e Luciana Meireles e mobilização das professoras Ildete Batista e Jessica Reis. A proposta foi inspirada em cartas escritas pela professora revolucionária e mãe de Francisco, Ivete Mangueira, a qual fez parte do corpo docente da escola. Banhada com conhecimentos vivenciados na educação popular e nas brincadeiras de tradição oral, a oficina também abriu um espaço de escuta e discussão sobre a lei nº 10.639, que estabelece a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” nas escolas.


Sinopse do filme
Essa é uma autobiografia que não começa em mim. Talvez em quem pariu quem me pariu, e mais. Quem pariu las putas madres? Estrela que aparece ao céu, antes do sol ir embora. Mães do mundo. “Estrela da tarde” é fábula, que não busca desvendar identidades e se permite melar a cara para inventar suas próprias ficções. É uma fic documental que percorre uma linha de Tempo embolada e firme,, como quem borda uma brincadeira numa história, e vice-e-versa, onde não dá mais pra distinguir os fios dos dedos. Abrindo uma rodinha dentro de uma tela quadrada, chamando encantadus das funduras junto com do que são feitus, dos avessos e das celestes alturas são bem-vindus. Ladainha na tentativa de arrudiar mitologias, enlaçando corpo, memória, cidade, figuras reais, personagens inventados e tramas brasileiras del mundo.

Francisco – Foto: Thiago Araújo


Um cineasta brincante
Francisco Rio é curioso, viajante, escutador e contador de histórias, dissidente de gênero, folgazão. Cresceu no caldeirão cultural de uma família baiana e pernambucana, no Distrito Federal, jogando bola nas ruas do Gama e correndo entre as oportunidades dos livros e escolas do Plano Piloto. Sua principal formação é nas tradições orais, com as mestras e mestres de vida, terreiros e estradas. Nessa travessia, participou e se aproximou de diversos brinquedos tradicionais do Brasil e do DF. É licenciado em Dança pelo Instituto Federal de Brasília e se lança nos cruzos entre dança e performance, educação, cinema, sagrado dissidente, branquitude, história e contação de história, quintais, terreiros e brincadeira.


PROGRAMAÇÃO

ESTREIA: Cia Lábios da Lua
05 de agosto (sab): 18h
06 de agosto (dom): 16h e 18h – participação especial de Kirá, pré-lançando seu novo EP

Bagagem Cia de Bonecos
12 de agosto (sab): 18h
13 de agosto (dom): 18h

Exibição Nacional Online
19 e 20 de agosto (dom e seg):

Espaço Voar
26 de agosto (sab): 18h
27 de agosto (dom): 18h


SERVIÇO
Estreia – Doc Estrela da Tarde
Quando: de 05 a 28 de agosto, aos sábados e domingos
Onde: em espaços culturais do Gama e online
Entrada: franca
Classificação: 12 anos
Redes sociais: @estreladatardefilme
Informações: 61 9.9699.6365 ou 61 9.8422.7194


FICHA TÉCNICA DO FILME
Direção geral: Francisco Rio
Produção executiva: Marina Olivier
Direção de arte: Francisco Rio e Thalita Perfeito
Direção de dramaturgia: Francisco Rio e Ana Flavia Garcia
Direção de fotografia: Thiago Soares Araújo e Francisco Rio
Direção de trilha sonora: Júlia Carvalho e Francisco Rio
Identidade visual e design: Nathalia Queiroz
Texto: Francisco Rio
Participação especial de texto: Keyane Dias, Diana Salu, Ernesto Nunes, Felipe Guima
Brincantes em cena: Francisco Rio, Leticia Coralina, Ernesto Nunes, João Gabriel Aguiar, Camila Coelho, José Garcia Caiano
​Preparação de roda: Jun Cascaes e Francisco Rio
Preparação corporal: Jun Cascaes, Lehandro Lira e Francisco Rio
Músicos: Julia Carvalho, Dinho Lacerda, Isaac Nunes, Alex Oliveira, Lipe Guima, Jun Cascaes, Roberto, Bruno.
​Figurino: Francisco Rio, Maria Villar, Ernesto Nunes, Alien F. J.
Confecção: Francisco Rio, Ernesto Nunes, Marina Olivier, Alessandra Rosa, Esmeralda Corte e Costura, Natalia Solorzano, Alien F. J.
​Maquiagem: Francisco Rio, Tainá Martins, Ernesto Nunes e Marina Olivier
​Cenografia: Francisco Rio, Thalita Perfeito
Pedreiragem: Francisco Rio, Thalita Perfeito, João Leite, Rafael Toscano, Leonardo Dantas, Ernesto Nunes
​Iluminação: Ana Quintas e Thiago Soares
​Câmera: Thiago Soares Araujo
Still: Tatiana Reis e Webert da Cruz
Making Of: Marcia Regina
​Edição: Francisco Rio e Victor Mota
Mix e Master: Dinho Lacerda e Estúdio Sapucaia​
Apoio: Casa Moringa, Miracena, Mercado Sul, Instituto Invenção Brasileira, Escola CEI 01 Gama, Cia Labios da Lua, Bagagem Cia de Bonecos, Espaço Voar, Casa da Árvore, Flávia Cordeiro e Adilson Mangueira

Agradecimentos: Odara Açu, Camila Coelho, Mãe Cícera de Oxum, Rainha do Cruzeiro, João Pedro Oliveira, Guilherme Oliveira, Heitor Oliveira, Adilson Mangueira, Flávia Cordeiro, Hilton Mangueira, Miqueias Paz, Nivaldo Rodrigues, Ildete Batista, Jessica Reis, Dedé Dedezinho, Thais Nathana, Ernesto, Ivi, Leandro e Miguel!!!!! Lorraine Maciel, Jussara Maciel, Diana Salu, Bethania Maia, Tainá Martins, Carmen Mee, Grupo Terapêutico Molotov, Sabrina Cunha, Pétala Conceitinho, Luisa Porfirio, Mangueiras que sempre existiram: Déborah Sousa, Gabriela Sousa, Karina Sousa e Graziela Silva, Fátima Silva, Jessica Divino, Casinha Onde Cantam os Pássaros e Voam as Borboletas, Casa Moringa, Lala Teles, Diego Zanotti, Reverberações Audiovisuais – Meu Cinema Meu Território, Rhaul e Joca, Acampamento Terra Livre, Casa Clandestina, Venâncio Cruz, Luisa Tuti Duprat, Tempuh Carvalho, Ester deMaria, Aline Mangueira e Thais Mangueira, Marina Olivier, House of Cyclone, Casa de Onija, Sintra Rodrigues, Watsi Xavante, Flora Egécia, Gabriel Strauss, Cibele Mateus, Maracatu Coração Nazareno.

FICHA TÉCNICA DO PROJETO (FAC-DF)
Coordenação e direção geral: Francisco Rio
​Coordenação administrativa: Alessandra Rosa
​Coordenação de comunicação: Pareia Comunicação
Produção executiva: Marina Olivier
Direção de arte: Francisco Rio, Thalita Perfeito
Direção de dramaturgia: Francisco Rio, Ana Flavia Garcia
Educativo: Bia Sabiá, Luciana Meireles e Francisco Rio
​Brincantes em cena: Francisco Rio, Leticia Coralina, Ernesto Nunes, João Gabriel Aguiar, Camila Coelho, José Garcia Caiano
​Preparação de roda: Jun Cascaes e Francisco Rio
Preparação corporal: Jun Cascaes e Lehandro Lira
Figurino: Francisco Rio, Maria Villar, Ernesto Nunes, Alien F. J.
Confecção: Francisco Rio, Ernesto Nunes, Marina Olivier, Alessandra Rosa, Esmeralda Corte e Costura, Natalia Solorzano
​Maquiagem: Francisco Rio, Tainá Martins, Ernesto Nunes e Marina Olivier
​Cenografia: Francisco Rio, Thalita Perfeito
Pedreiragem: Francisco Rio, Thalita Perfeito, João Leite, Rafael Toscano, Leonardo Dantas, Ernesto Nunes
​Iluminação: Ana Quintas e Thiago Soares
​Direção de Fotografia: Francisco Rio e Thiago Soares Araujo
Câmera: Thiago Soares Araujo
Still: Tatiana Reis, Webert da Cruz, Thiago Soares Araújo
Making Of: Marcia Regina
​Edição: Francisco Rio e Victor Mota
Designer: Nathalia Queiroz
Direção de Trilha Sonora: Júlia Carvalho
Músicos: Julia Carvalho, Dinho Lacerda, Bruno Portella, Fernando (Scheflera) Carvalho, Gustavo Halfeld, Ramiro Galas, Roberto Manoel
Mix e Master: Dinho Lacerda e Estúdio Sapucaia
​Texto: Francisco Rio, Keyane Dias, Diana Salu, Ernesto Nunes, Felipe Guima
​Apoio: Casa Moringa, Miracena, Mercado Sul, Instituto Invenção Brasileira, Escola CEI 01 Gama, Cia Labios da Lua, Bagagem Cia de Bonecos, Espaço Voar, Casa da Árvore,