O projeto VIVA O MAMULENGO! se estende durante todo o ano de 2024. Serão realizadas ações para fortalecer a salvaguarda da tradição, a formação de novos brincantes e a Circulação Espetáculos do Repertório

A Chegança da Burrinha Calunga – Foto: Alice Lira/Cinese


O Teatro de Bonecos Popular é uma manifestação cultural presente no Distrito Federal desde a época da construção de Brasília. Com o objetivo de fortalecer a salvaguarda dessa rica tradição, o grupo Mamulengo Fuzuê estreia o projeto VIVA O MAMULENGO!. Ao longo de 2024, a iniciativa irá promover diversas ações voltadas à manutenção do grupo e à difusão do mamulengo entre as novas gerações, através de vivências, pesquisa, circulação de espetáculos e oficinas, lançamento de livro e exposição. As ações iniciam no dia 22 de maio, com apresentação do espetáculo “A Chegança da Burrinha Calunga” na Escola Classe 40 de Ceilândia.

Fundado em 2007, o grupo ceilandense Mamulengo Fuzuê é um dos principais expoentes do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste na capital. Essa manifestação tradicional, também chamada de Mamulengo, é reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro (Iphan). Através do projeto de manutenção VIVA O MAMULENGO!, realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), o grupo pretende aprimorar seu repertório artístico ao mesmo tempo em que promoverá a valorização da tradição, a formação de novos brincantes e o acesso do público a espetáculos autorais.

“Ser contemplado com esse edital de manutenção é uma grande conquista para nós, pois nos possibilita celebrar e compartilhar com o público os nossos 17 anos de trabalho e dedicação ao Teatro de Bonecos Popular. Essa oportunidade também nos dá ferramentas e condições para nos estruturar e seguir em frente”, comenta Thiago Francisco, bonequeiro e fundador do Mamulengo Fuzuê.

O projeto de manutenção prevê a restauração dos bonecos, figurinos e adereços que compõem o acervo do Mamulengo Fuzuê, realizada pela artista Maria Villar. Também serão realizadas três vivências de capacitação para os brincantes integrantes do grupo, facilitadas pelo palhaço Zé Regino, pelo mamulengueiro Chico Simões e pelo brincante Tico Magalhães. Em paralelo, a doutora e bonequeira Izabela Brochado orientará o grupo em uma pesquisa teórica sobre o Teatro de Bonecos Popular do Distrito Federal. Todas as ações vão culminar no lançamento do livro e da exposição Mamulengo Patrimônio Brasileiro, além da manutenção do site do grupo.

Na programação aberta ao público, ao longo de 2024, será realizada a Circulação Espetáculos do Repertório, com 10 apresentações autorais. Também serão promovidas duas Oficinas de Confecção de Bonecos e duas de Manipulação de Bonecos. As atividades passarão por escolas públicas de Ceilândia, Samambaia e Pôr do Sol/Sol Nascente. Entre as escolas atendidas, estão duas unidades de ensino especial. Ao final do projeto, a celebração de encerramento vai ocupar a Casa do Cantador, em Ceilândia, com o lançamento do livro e da exposição Mamulengo Patrimônio Brasileiro.


Mamulengo Fuzuê – 17 anos de história
É brincadeira aprendida com as tradições, é palhaço na rua, é boneco na tolda, é teatro que celebra a arte e a cultura popular. O parto do grupo aconteceu em 2007, no Ponto de Cultura Invenção Brasileira, em Taguatinga (DF). Com mais de 15 anos de carreira, é reconhecido como expoente da nova geração do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. São sete espetáculos autorais e diversos prêmios, com passagens por festivais pelo DF, em todas as regiões do Brasil e em países como México e El Salvador. Atualmente, é formado pelo diretor e bonequeiro Thiago Francisco e pelos músicos e brincantes Maísa Arantes, Rene Bomfim, Joelma Bomfim, Layza Almeida, Gilson Alencar e Inácio Francisco.


A tradição do Mamulengo
O Mamulengo é a forma popular e tradicional do teatro de bonecos no Brasil. Uma tradição que nasceu nos interiores do Nordeste e se difundiu para outras regiões através dos processos de migração. É chamado de Mamulengo, em Pernambuco, Distrito Federal e São Paulo; de Babau, na Paraíba; de Calunga ou João Redondo, no Rio Grande do Norte; e de Cassimiro Coco, no Ceará, Piauí e Maranhão. Há diferentes versões sobre a origem do Mamulengo, uma delas conta que a irreverência encarnada nos bonecos nasce como invenção de africanos escravizados, em uma fazenda no interior do Nordeste, para contestar as relações de desigualdade social a que eram submetidos. Em 2015, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, sendo batizado de forma unificada como Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.


ESPETÁCULOS DO REPERTÓRIO

A Chegança da Burrinha Calunga
Uma trupe de caminhantes viaja Brasil adentro em busca de um lugar ideal para viver e celebrar a vida: a brincante musicista Da Luz, o Tocador e um Bonequeiro. Todos seguem guiados pela Burrinha Calunga e os bonecos Mateus, Catita e Birico. No meio da jornada, a trupe faz festa, canta, dança e se envolve em diversas confusões, tendo que enfrentar a fome e enganar o Capiroto e a Morte para garantir a sua sobrevivência.

Benedito, Abençoado e Bendizido
Benedito e Rosinha vivem uma história de amor e luta por trabalho e justiça. Enfrentando os desmandos do Capitão João Redondo, que tudo quer comprar e dominar com seu dinheiro e poder, Rosinha, Benedito e o Boizinho Fuzarca lançam mão de muita esperteza para fugir de perigos representados pela fantástica Cobra Anaconda. Os personagens dessa brincadeira convidam o público a um singelo e alegre passeio pelo imaginário popular brasileiro. Palhaço da Vitória, Janeiro, Cabo Zé Setenta, Vô Benza… Cada um entra em cena ao sabor do improviso e da interação com o público, guiados por canções populares executadas por músicos brincantes ou bonecos tocadores.


FICHA TÉCNICA

Coordenação geral: Associação Fuzuê de Arte e Cultura
Exposição Mamulengo Patrimônio Brasileiro: Associação Fuzuê de Arte e Cultura
Produção executiva: Alice Lira e Valéria Amorim (Candiá)
Coordenação artística: Thiago Francisco
Assessoria de comunicação: Keyane Dias e Davi Mello (Pareia)
Social media: Pollyanna Cardoso
Designer gráfico, ilustradora e diretora de arte do livro: OKO
Registro fotográfico: Alice Lira (Cinese Audiovisual)
Registro audiovisual: LeoMon (Cinese Audiovisual)
Criação audiovisual: Cinese Audiovisual
Consultoria e pesquisa (livro e exposição): Izabela Brochado
Auxiliar de produção: Laura Dornelles
Assistência de produção executiva: Daniela Lima
Apoio de produção geral: Eryckson Rocha
Técnica de som: Débora Vieira Gonçalves
Manutenção e reforma de figurinos e adereços: Maria Villar
Oficinas de Confecção de Bonecos: Tetê Alcândida
Oficinas de Manipulação: Thiago Francisco
Vivência artística: Zé Regino, Chico Simões e Tico Magalhães
Bonequeiro e artista brincante: Thiago Francisco
Músicos brincantes: Maísa Arantes, Layza Chrystiane, Rene Bomfim, Gilson Alencar, Joelma Bonfim e Inácio Francisco
Consultoria em acessibilidade de Libras: Amanda de Oliveira
Intérprete de Libras: Tatiana Elizabeth
Audiodescrição: Lúcia Corrêa